Na última semana, a população foi surpreendida com anúncio do fechamento do Theatro XVIII por falta de recursos. Localizado no Pelourinho, o XVIII foi responsável nos últimos dez anos por democratizar o acesso à cultura, por meio do preço dos ingressos, despertar o interesse pelo Teatro nas camadas mais populares, abrir suas portas para centenas de artistas iniciantes, além de exibir uma programação sofisticada e popular, por mais paradoxal que isto possa ser.
O anúncio do fechamento do Theatro XVIII já era esperado por quem circula na cena cultural da cidade devido a ausência de patrocínio para manter a estrutura física do equipamento -luz, água, salários; problema encontrado por produtores culturais Brasil afora.
O mais irônico é o fato disto acontecer nove meses após a posse do governador Jaques Wagner, do partido dos trabalhadores, que assumiu com um discurso ‘republicano’ de ‘democratização’ da cultura. Infelizmente, neste começo de gestão do governador, o que se percebe é uma ausência absoluta de qualquer projeto de governo. Em áreas sensiveis como segurança, saúde e educação a sensação é de abandono e impotência, com um discurso, repetido como mantra por todos os secretários, de herança maldita e de indicadores maquiados pelas gestões passadas.
Na âmbito da secretaria de cultura (secult) o discurso não é diferente: todos os projetos articulados por meio da secrtaria estão sendo revistos. Do balet do Teatro Castro Alves ao restaurante do Museu de Arte Moderna, passando pelo Fazcultura e Sua Nota é um Show, prêmio Jorge Amado e até as aulas gratuitas do MAM, tudo está sendo interrompido e ‘reposicionado’ para integrar as novas ‘diretrizes’ da secult. Que é fundamental rever os critérios que foram utilizados pela gestão passada na área cultural ninguém discute. Acabar com distorções que permitiam concentrar 34% da verba da secretaria em apenas quatro empresas de produção de eventos é vital para oxigenar a cena cultural da Bahia.
Só espero que esta mudança, mais do que necessária, não sirva apenas para substituir os apaniguados e criar outra casta de privilegiados do dinheiro público.